sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Folhas secas são amachucadas pelos meus pés descalços que caminham em direcção ao fim. Ou ao início, o que quer que lhe queiram chamar. Chego ao destino. Olho para cima, o céu translúcido com toda a clareza de uma manhã de inverno. E depois olho para baixo, onde os meus olhos encontram a paisagem deslumbrante de um precipício que parece não ter fim. Sinto uma liberdade a inundar-me o corpo, como se ele já não estivesse dependente da minha mente. Fecho os olhos e inspiro todo o ar puro que aquele lugar tem para me oferecer. Fico assim por um minuto, e mais outro e mais outro. E depois lá vou eu, um pé de cada vez, até todo o piso ter ficado atrás de mim, e é quando a gravidade entra em acção. O alívio. Está aqui. Sinto-me a abandonar o meu próprio corpo, sinto a mente a esvaziar. Não tenho qualquer tipo de flashbacks ou memórias a passarem em frente aos meus olhos. Tudo o que sinto é liberdade, alívio, paz, leveza. Aqueles 5 segundos de queda livre parecem uma eternidade. Chego ao fim da minha viagem a não se sabe onde. De fora vê-se sangue, ossos partidos e olhos fechados.
Mas eu não vejo nada.

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