quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Quando saí de casa o céu estava cinzento. Não era um cinzento morto nem um cinzento vivo que se manifesta quase como um clarão. Era um cinzento azulado-escuro, daqueles que inunda o céu antes do anoitecer. Mas eram 8 da manhã. As gotas ridiculamente espessas caiam de uma maneira inconstante e no ar pairava algo de diferente. Considerei isto a minha prenda de anos do universo, visto que se o ano não tivesse sido bissexto, era o que o dia de hoje seria. As ruas pareciam-me mais largas e as pessoas menos vazias. Estava tudo diferente de uma maneira exactamente igual.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

cinco minutos

A brisa-quase-vento forte e quente de verão embala-me nesta tarde de quinta-feira. Calco as ruas estreitas desta aldeia que guarda todas as memórias mais deliciosas da minha infância. Há algo de especial neste momento, algo que me inunda a alma não deixando um único espaço vazio. Sinto-me leve, a mente isenta de qualquer parte do meu ser que não é meu e que transformo inconscientemente para os outros. Os meus pés tocam o chão como se fosse a última vez, como que a cada passo esteja pronta a deixa-lo e a voar daqui para fora. Estou em perfeita sintonia com o universo, o meu corpo dança com o tempo, embalado no espaço que me rodeia. Nunca me senti tão cheia de mim, tão cheia do eu que me é impossível transmitir aos outros, tão cheia do eu que ninguém vê em mim, que não existe visivelmente em lado nenhum.

domingo, 12 de agosto de 2012

Preenchias o vazio que se apoderava de mim nas noites frias e solitárias de inverno. Existias em mim como nunca ninguém existira antes, tão calma e subtilmente. Tão facilmente. Foi dessa maneira que te escapaste de mim mais tarde. Perdi-te no tempo e creio que não voltarás. Encho-me de vazio outra vez, a cada segundo, um silêncio infinito ocupa a minha mente quando ela te procura desesperadamente. Mas já não sei quem tu és. Já não existes em mim. Já não existes em ti.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

He's pining for her
In a people carrier
There might be buildings and pretty things to see like that
But architecture won't do
Although it might say a lot about the city or town
I don't care what they've got keep on turning them down
It don't say the funny things she does
Don't even try and cheer him up, because
It just won't happen
He's got the feeling again
This time on the aeroplane
There might be tellys in the back of the seats in front
But Rodney and Del won't do
Although it might take your mind off the aches and the pains
Laugh when he falls through the bar
But you're feeling the same
'Cause she isn't there to hold your hand
She won't be waiting for you when you land
It feels like she's just nowhere near
You could well be out on your ear
This thought comes closely followed by the fear
And the thought of it
Makes you feel a bit
Ill
Yesterday I saw a girl
Who looked like someone you might knock about with
And almost shouted
And then reality kicked in within us
It seems as we become the winners
You lose a bit of summat
And half wonder if you won it at all
And don't say 'owt 'cause you've got no idea
And she's still nowhere near
And the thought comes closely followed by the fear
And the thought of it
Makes you feel a bit
...Ill
Despair in the departure lounge
It's one and they'll still be around at three
No signal and low battery
What's happened to me

terça-feira, 24 de julho de 2012



A bola de fogo gigante vai dormir e despede-se deste pedaço de terra por entre as folhas das árvores que dançam com o vento. Realmente ter uma varanda e estar nos subúrbios é bonito. À noite vou ver as estrelas.

Cascais

O sótão tem uma janelinha pequena lá para fora. Vejo o jardim, a água da piscina, o céu e as nuvens. Sinto o sol matinal a bater ao de leve na minha pele e a fazer sobressair os tons mais avermelhados que no meu cabelo bipolar existem. Sinto a brisa marítima que passeia por todo este local inundar-me os pulmões. Esta sensação de frescura provoca em mim uma nostalgia que nem eu consigo compreender. A ideia de não compreender algo que se passa no meu ser irrita-me profundamente. A minha mente começa a dar voltas e voltas até que me convenço a mim própria de que a sensação de nostalgia se deve ao facto deste ambiente estar presente sempre que paro para pensar. Começo então a pensar. Mas os meus pensamentos já não são inundados por memórias ardentes, fogo que nunca mais acaba. Não, agora já não. Restam apenas cinzas das coisas em que costumava pensar. Já foi tudo pensado, já foi tudo esquecido, já foi tudo queimado. A minha mente e o meu corpo estão leves e livres de qualquer tipo de amargura, ou remorso, ou desgosto. Posso finalmente estar presente em mim própria.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

quatro meses depois

Tinha-me esquecido do quanto gostava de escrever aqui. Traduzir a minha mente para palavrinhas bonitas que formavam textos que ninguém lia mas que faziam parte do meu quotidiano, ou eram pelo menos o que restava dele. Mas, tal como nesse quotidiano confuso e cinzento me perdi a mim própria, perdi também o gosto que tanto tinha pelos 10 minutos em que me sentava e esvaziava a mente para aqui, para o nada, para ninguém, só para mim.

domingo, 18 de março de 2012

Lay with me, I'll lay with you
we'll do the things that lovers do
put the stars in our eyes
and with heart shaped bruises
and late night kisses
devine

quinta-feira, 15 de março de 2012

E enquanto escrevia isto começou a chover. Começo a achar que tenho poderes mágicos.

Winter has passed by and I didn't even notice. Is it me or time's getting faster and faster, like it has somewhere to go, somewhere to be? Maybe I'm so consistently involved in the depths of my inner being's thoughts I'm not establishing actual contact with reality. Anyways, I'll miss the grey skies and the cozy cold afternoons.

quinta-feira, 8 de março de 2012

KONY 2012 - love/hate relationship with humanity

às vezes apetece-me sair de casa
prender toda a gente que é "má"
acabar com injustiças
dar dinheiro a toda a gente que precisa
e atirar flores ao ar até tudo ser pacífico.


podia ser tudo tão mais simples, e mesmo assim, a mentalidade humana acaba por tornar o mundo num lugar onde já ninguém quer viver.

terça-feira, 6 de março de 2012

Sonhos

Dois pés perdidos precorrem um prado florido
Descalços, param no tempo uns passos depois
Não sabem onde estão
de onde vêm
para onde vão


segunda-feira, 5 de março de 2012

O Nada é um péssimo substituto do amor e o Cheio de Nada esvazia-se em cada momento para se encher no momento seguinte. A verdade é que tenho saudades tuas apesar de um medo opressivo de que voltes a encher tudo o que de mim há.

coisas engraçadas


sábado, 3 de março de 2012

I'm not the kind of fool who's gonna sit and sing to you about stars girl


 Hoje às quatro da tarde vou ver um concerto de harpa e flauta transversal ao Teatro da Trindade. Dois dos instrumentos que considero mais delicados e cujas melodias são absolutamente angelicais. O tipo de melodia que nos relembra de que há coisas genuinamente bonitas no mundo.
 E é isto que me faz um bocadinho mais feliz num sábado à tarde com o céu sem vida. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Heart in a box


 Bem, a verdade é que tenho a certeza que não vou ser feliz se não fizer isto. Algo em mim tem uma necessidade urgente de abrir pessoas, olhar para o seu interior, sentir o seu sangue nas mãos. Olhar para os seus corações em batimento e arranjá-los. Pois pois pois. Talvez depois disto comece a desconfiar ainda mais das talvez meras e desprezíveis tendências psicopatas que podem ou não estar presentes no meu ser. Mas é o que acontece. Acho que a adrenalina (hormona produzida nas glândulas supra-renais) de se ter uma vida nas mãos, literalmente, é das coisas mais incríveis que se pode sentir, e que a noção de se ter impedido a morte de alguém deve ser dos sentimentos mais compensadores e bonitos.
 Gosto de hospitais, desde pequenina que os adoro. Talvez porque cheira tudo a desinfectante e isso deve agradar  as minhas tendências obcessivo-compulsivas com germes. Começo a achar que tenho demasiadas "tendências". Tenho a certeza que o dia em que entrar num bloco operatório pela primeira vez vai ser o dia mais feliz da minha vida. Vai ser tudo seguro e perfeito.

tempo para passar o tempo

Não percebo porque é que se diz que o tempo só vem à conversa para quebrar o gelo de uma conversa constrangedora, quer dizer, eu gosto de falar do tempo. De facto, estou a fazer um post inteiramente dedicado ao tempo.
Tudo bem que o inverno é muito agradável e tudo o que este "senhor" traz é deveras acolhedor, talvez a minha estação preferida, mas merda para isto, que quero ir à praia caminhar nas rochas e apanhar conchinhas enquanto o sol me bate na cara. Quero que cada dia seja diferente. Estou farta desta monotonia fria que me congela os ossos.


O contacto emocional que tenho com esta música é qualquer coisa de incrível.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Tudo o que faço é querer, quero tudo e mais alguma coisa. Eu, sendo uma alminha preguiçosa que se senta à espera que as coisas aconteçam, não mexo os cordelinhos para ter o que quero. A verdade, decerto, é que o que quero não se possui - Não é que a falta de vontade para fazer qualquer coisa que seja se tenha sumido de um dia para o outro, mas a realidade é que não faço a mais pequena ideia do que tenho de fazer.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Wish List










Sede

Quero fugir daqui. Quero viajar sem destino. Quero ir, quero ir para lado nenhum, quero ir para todo o lado, quero ir para um dos milhões de não-cantos do mundo. Quero ir para um lugar onde esteja sozinha com  o silêncio. Só eu e as árvores. Talvez um rio. Quero ir para um lugar onde possa deixar de ser, onde possa simplesmente limitar-me a existir. Um lugar onde tudo se resuma a um sentimento de pura paz e liberdade. Quero ir. Quero ir e não voltar.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012



Não sei se é completamente alienado dizer que quero isto, desejar tanto alguém, outro ser humano que alimente toda a minha vivacidade, como o sangue que me corre nas veias. Mas ao mesmo tempo um amor tão subtil e inocente. Não sei se faz de mim louca dizer que anseio por algo que na realidade me assusta de morte.
"Nada me expira já, nada me vive 
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive."

Folhas secas são amachucadas pelos meus pés descalços que caminham em direcção ao fim. Ou ao início, o que quer que lhe queiram chamar. Chego ao destino. Olho para cima, o céu translúcido com toda a clareza de uma manhã de inverno. E depois olho para baixo, onde os meus olhos encontram a paisagem deslumbrante de um precipício que parece não ter fim. Sinto uma liberdade a inundar-me o corpo, como se ele já não estivesse dependente da minha mente. Fecho os olhos e inspiro todo o ar puro que aquele lugar tem para me oferecer. Fico assim por um minuto, e mais outro e mais outro. E depois lá vou eu, um pé de cada vez, até todo o piso ter ficado atrás de mim, e é quando a gravidade entra em acção. O alívio. Está aqui. Sinto-me a abandonar o meu próprio corpo, sinto a mente a esvaziar. Não tenho qualquer tipo de flashbacks ou memórias a passarem em frente aos meus olhos. Tudo o que sinto é liberdade, alívio, paz, leveza. Aqueles 5 segundos de queda livre parecem uma eternidade. Chego ao fim da minha viagem a não se sabe onde. De fora vê-se sangue, ossos partidos e olhos fechados.
Mas eu não vejo nada.