terça-feira, 24 de julho de 2012



A bola de fogo gigante vai dormir e despede-se deste pedaço de terra por entre as folhas das árvores que dançam com o vento. Realmente ter uma varanda e estar nos subúrbios é bonito. À noite vou ver as estrelas.

Cascais

O sótão tem uma janelinha pequena lá para fora. Vejo o jardim, a água da piscina, o céu e as nuvens. Sinto o sol matinal a bater ao de leve na minha pele e a fazer sobressair os tons mais avermelhados que no meu cabelo bipolar existem. Sinto a brisa marítima que passeia por todo este local inundar-me os pulmões. Esta sensação de frescura provoca em mim uma nostalgia que nem eu consigo compreender. A ideia de não compreender algo que se passa no meu ser irrita-me profundamente. A minha mente começa a dar voltas e voltas até que me convenço a mim própria de que a sensação de nostalgia se deve ao facto deste ambiente estar presente sempre que paro para pensar. Começo então a pensar. Mas os meus pensamentos já não são inundados por memórias ardentes, fogo que nunca mais acaba. Não, agora já não. Restam apenas cinzas das coisas em que costumava pensar. Já foi tudo pensado, já foi tudo esquecido, já foi tudo queimado. A minha mente e o meu corpo estão leves e livres de qualquer tipo de amargura, ou remorso, ou desgosto. Posso finalmente estar presente em mim própria.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

quatro meses depois

Tinha-me esquecido do quanto gostava de escrever aqui. Traduzir a minha mente para palavrinhas bonitas que formavam textos que ninguém lia mas que faziam parte do meu quotidiano, ou eram pelo menos o que restava dele. Mas, tal como nesse quotidiano confuso e cinzento me perdi a mim própria, perdi também o gosto que tanto tinha pelos 10 minutos em que me sentava e esvaziava a mente para aqui, para o nada, para ninguém, só para mim.