terça-feira, 24 de julho de 2012

Cascais

O sótão tem uma janelinha pequena lá para fora. Vejo o jardim, a água da piscina, o céu e as nuvens. Sinto o sol matinal a bater ao de leve na minha pele e a fazer sobressair os tons mais avermelhados que no meu cabelo bipolar existem. Sinto a brisa marítima que passeia por todo este local inundar-me os pulmões. Esta sensação de frescura provoca em mim uma nostalgia que nem eu consigo compreender. A ideia de não compreender algo que se passa no meu ser irrita-me profundamente. A minha mente começa a dar voltas e voltas até que me convenço a mim própria de que a sensação de nostalgia se deve ao facto deste ambiente estar presente sempre que paro para pensar. Começo então a pensar. Mas os meus pensamentos já não são inundados por memórias ardentes, fogo que nunca mais acaba. Não, agora já não. Restam apenas cinzas das coisas em que costumava pensar. Já foi tudo pensado, já foi tudo esquecido, já foi tudo queimado. A minha mente e o meu corpo estão leves e livres de qualquer tipo de amargura, ou remorso, ou desgosto. Posso finalmente estar presente em mim própria.

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